Voltando ao Verdadeiro Culto
R. Albert Mohler Jr.
20 de Setembro, 2013
Em Os
Irmãos Karamazov*, o Grande Inquisidor de Fiódor Dostoiévski oferece esta
visão da natureza humana caída: “Porque não há para o homem que ficou livre cuidado mais constante e mais doloroso do que o de procurar um ser diante do qual se incline.”
Apesar de o Grande Inquisidor falhar como
guia confiável de Teologia, nesse ponto ele está correto. Seres humanos são
profundamente religiosos – mesmo quando não sabemos que somos – e buscam
incessantemente um objeto de adoração.
Ainda, seres humanos são
pecadores, e portanto nosso culto é, com frequência, fundamentado em nosso
próprio paganismo de preferência pessoal. O coração humano caído é, de fato,
uma “fábrica de ídolos”, sempre produzindo novos ídolos para adoração e
veneração. Esta fábrica corrompida, entregue a seus próprio meios, nunca
produzirá adoração verdadeira, mas ao invés disso, adorará suas próprias
invenções.
Porém os Cristãos são aqueles que foram
redimidos pelo sangue do cordeiro, incorporados ao corpo de Cristo e chamados
ao verdadeiro culto, regulado e autorizado pela Escritura. Adoração é o
propósito para o qual fomos feitos – e apenas os redimidos podem adorar o Pai
em espírito e em verdade.
Mas adoramos?
O filósofo britânico Roger Scruton uma vez
advertiu seus companheiros filósofos que a melhor maneira de entender o que as
pessoas realmente acreditam sobre Deus é observá-las no culto. Livros de
Teologia e declarações doutrinárias podem revelar o que uma congregação diz que
acredita, mas o culto revelará em que ela realmente acredita. Considerando
isso, estamos em grandes apuros.
Anos atrás, A. W. Tozer lamentou que muitas
igrejas concebem a adoração como “o máximo de entretenimento e o mínimo de
instruções sérias”. Muitos cristãos, ele argumentou, nem mesmo reconheceriam o
culto como “uma reunião onde a única atração é Deus”. Verdade 50 anos atrás,
estas palavras agora servem como acusação direta ao culto contemporâneo.
Adoração é o propósito para o
qual fomos feitos – e apenas os redimidos podem adorar o Pai em espírito e em
verdade.
Do ponto de vista mundano, devemos encarar o fato de que o modernismo fez
desabar transcendência em muitas mentes. O foco do culto foi “horizontalizado”
e reduzido à escala humana. O culto foi transformado em um experimento cujo
“significado” é definido por quem presta culto, não um ato de alegre submissão
à maravilha e grandeza Deus.
Embora todos os cristãos afirmem a necessidade e realidade da dimensão
experimental da fé, a experiência deve ser fundamentada e sujeita à Palavra de
Deus.
Hughes Oliphant Old uma vez resumiu o culto cristão em termos do “senso
da majestade e soberania de Deus, senso de reverência, de dignidade simples;
convicção de que a adoração deve, acima de tudo, servir ao louvor de Deus.”
Como Old reconheceu, este caminho para a renovação “pode não ser exatamente o
que todo mundo está procurando.”
Procurando isto ou não, este é o único caminho de volta ao culto que
Deus busca.
Traduzido por Rafael Abreu
*Os Irmãos Karamazov é um romance de Fiódor Dostoiévski; um
clássico da literatura russa escrito em 1879.
Albert Mohler Jr. é reconhecido como um dos líderes mais
influentes dos Estados Unidos pelas revistas “Time” e “Christianity Today”.
Possui um programa no rádio que é transmitido em mais de 80 estações em todo o
país. É presidente da escola mais importante da Convenção Batista do Sul dos
Estados Unidos, a Southern Baptist
Theological Seminary.
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