domingo, 22 de setembro de 2013

Voltando ao Verdadeiro Culto


R. Albert Mohler Jr.
20 de Setembro, 2013

Em Os Irmãos Karamazov*, o Grande Inquisidor de Fiódor Dostoiévski oferece esta visão da natureza humana caída: “Porque não há para o homem que ficou livre cuidado mais constante e mais doloroso do que o de procurar um ser diante do qual se incline.”

Apesar de o Grande Inquisidor falhar como guia confiável de Teologia, nesse ponto ele está correto. Seres humanos são profundamente religiosos – mesmo quando não sabemos que somos – e buscam incessantemente um objeto de adoração.

Ainda, seres humanos são pecadores, e portanto nosso culto é, com frequência, fundamentado em nosso próprio paganismo de preferência pessoal. O coração humano caído é, de fato, uma “fábrica de ídolos”, sempre produzindo novos ídolos para adoração e veneração. Esta fábrica corrompida, entregue a seus próprio meios, nunca produzirá adoração verdadeira, mas ao invés disso, adorará suas próprias invenções.

Porém os Cristãos são aqueles que foram redimidos pelo sangue do cordeiro, incorporados ao corpo de Cristo e chamados ao verdadeiro culto, regulado e autorizado pela Escritura. Adoração é o propósito para o qual fomos feitos – e apenas os redimidos podem adorar o Pai em espírito e em verdade.

Mas adoramos?

O filósofo britânico Roger Scruton uma vez advertiu seus companheiros filósofos que a melhor maneira de entender o que as pessoas realmente acreditam sobre Deus é observá-las no culto. Livros de Teologia e declarações doutrinárias podem revelar o que uma congregação diz que acredita, mas o culto revelará em que ela realmente acredita. Considerando isso, estamos em grandes apuros.

Anos atrás, A. W. Tozer lamentou que muitas igrejas concebem a adoração como “o máximo de entretenimento e o mínimo de instruções sérias”. Muitos cristãos, ele argumentou, nem mesmo reconheceriam o culto como “uma reunião onde a única atração é Deus”. Verdade 50 anos atrás, estas palavras agora servem como acusação direta ao culto contemporâneo.

Adoração é o propósito para o qual fomos feitos – e apenas os redimidos podem adorar o Pai em espírito e em verdade.

Do ponto de vista mundano, devemos encarar o fato de que o modernismo fez desabar transcendência em muitas mentes. O foco do culto foi “horizontalizado” e reduzido à escala humana. O culto foi transformado em um experimento cujo “significado” é definido por quem presta culto, não um ato de alegre submissão à maravilha e grandeza Deus.

Embora todos os cristãos afirmem a necessidade e realidade da dimensão experimental da fé, a experiência deve ser fundamentada e sujeita à Palavra de Deus.

Hughes Oliphant Old uma vez resumiu o culto cristão em termos do “senso da majestade e soberania de Deus, senso de reverência, de dignidade simples; convicção de que a adoração deve, acima de tudo, servir ao louvor de Deus.” Como Old reconheceu, este caminho para a renovação “pode não ser exatamente o que todo mundo está procurando.”

Procurando isto ou não, este é o único caminho de volta ao culto que Deus busca.

Traduzido por Rafael Abreu

 
*Os Irmãos Karamazov é um romance de Fiódor Dostoiévski; um clássico da literatura russa escrito em 1879.

 

Albert Mohler Jr. é reconhecido como um dos líderes mais influentes dos Estados Unidos pelas revistas “Time” e “Christianity Today”. Possui um programa no rádio que é transmitido em mais de 80 estações em todo o país. É presidente da escola mais importante da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, a Southern Baptist Theological Seminary.